Enquadrado
Deve
ter sido o olhar do mar
Que marejou
teus olhos
Deve
ter sido o vendaval
O que
me vendou
O
temporal que nos arrancou o tempo
O
lodaçal, o que nos enlutou
Deve
ter sido uma coisinha de nada
Ou
quem sabe então um nada demais
Nossa
língua viva, nossas rôtas rotas
Deve
ter sido o nosso deve ser
A dar
esses tons de amarelo grave
De azul
profundo a esmaecer
Sem o
que, nesse etéreo quadro,
Em
que me varo, crivado
Não
poderia ver
Teu sorriso
espelhando o meu
O teu
cheiro me espalhando o chão
Talvez
não valesse o que me valeu
Talvez
não ardesse o que se incendeia
No
que de mim será sempre o sempre seu.